Por Cristiano França
(Instagram: cfeleito)
"Assim, pois, a igreja (...) tinha paz, sendo edificada, e andando no temor do Senhor; e, pelo auxílio do Espírito Santo, se multiplicava." (Atos 9:31)
Os primeiros passos da Igreja podem ser observados no livro histórico dos Atos dos Apóstolos, onde podemos avistar muitas coisas positivas e que precisam ser imitadas por nós. Por exemplo:
1) OBEDIÊNCIA E UNIÃO
“E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.” (Atos 2:42)
Acho importante que ressaltemos o contexto desta passagem: aqui ainda vemos um ministério eminentemente judaico, ou seja, não havia ainda ocorrido o advento da revelação ao apóstolo Paulo e a Palavra da Graça não havia chegado aos gentios. No contexto vemos os apóstolos separados por Jesus de Nazaré cumprindo exatamente o que Ele os havia determinado, a saber, pregando para os hebreus a respeito de Sua posição como Messias e ensinando que o Reino estava próximo de se manifestar (Mateus 10:5 ao 7) — o que ocorreu no ano 70, quando os judeus viram a manifestação do Reino no Juízo ocorrido sobre eles, com a destruição de Jerusalém e do templo da Lei.
2) AMOR MÚTUO E GENEROSIDADE
“Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um.” (Atos 2:44 e 45)
É comovente vermos pelo texto bíblico-histórico a união, a cumplicidade, o amor e a grandiosa generosidade dos primeiros crentes em Jesus. É, verdadeiramente, um extraordinário exemplo a ser seguido pela Igreja contemporânea.
Não obstante este posicionamento absolutamente maravilhoso dos primeiros membros da Igreja de Cristo no mundo, havia muitas coisas negativas naquela época, como, por exemplo, a insistência em se observar certas práticas que não estão em linha com a Palavra da Graça — isto, é claro, se dava muito por conta da postura dos apóstolos que não eram exatamente contrários à ideia de a Igreja se manter fiel aos costumes da Lei de Moisés (Atos 21:20; Gálatas 2:14) e também devido à grande quantidade de judeus — fiéis aos costumes — que passaram a crer em Jesus naquele período. Isto sem falar do fato de que eles haviam nascido ainda “em Adão”, ou seja, antes da cruz (debaixo do pecado, portanto), e sem a presença do Espírito Santo; o que os fez viver o período de transição da Lei para a Graça e terem que buscar a presença do Espírito, o que, hoje em dia, não faz mais sentido. Enfim, a experiência deles, nestes aspectos, foi completamente diferente da Igreja atual.
A Eklésia em seus primeiros momentos era muito unida, amorosa e obediente, mas ainda extremamente infantil em relação ao conhecimento da Palavra (1ª Coríntios 3:1 e 2; Hebreus 5:12). Não é por acaso que observamos os irmãos primitivos praticarem obras da Lei, fazerem orações “com jejuns” (Atos 14:23) e até mesmo Paulo chegou a batizar algumas pessoas nas águas (1ª Coríntios 1:14 ao 16).
Um dos ensinos que devemos observar com muita atenção é o conselho do apóstolo dos gentios que nos direciona a reter o que é bom de todas as coisas (1ª Tessalonicenses 5:21). Deste modo, acho importante que tenhamos, sim, a Igreja primitiva como espelho em certos aspectos, mas que tenhamos o esclarecimento advindo do Evangelho da Graça de não praticarmos tudo que eles praticaram. Hoje, por exemplo, sabemos que nós não temos que fazer orações com jejuns, pois já temos o entendimento amadurecido em relação ao jejum; não temos que buscar a presença do Espírito Santo (como muitos hoje fazem), pois sabemos que Ele já habita em todos os Seus filhos; entre outras coisas. Por outro lado, o amor entre os irmãos, a determinação, a obediência, entre outros aspectos positivos que eles viveram devem fazer parte, sim, de nosso dia a dia cristão, a fim de fazermos a diferença no mundo da mesma maneira que eles fizeram.
DEUS JÁ NOS ABENÇOOU!