Por Cristiano França
(Instagram: cfeleito)
“Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças.” (Filipenses 4:6)
Durante alguns anos pertenci a duas denominações evangélicas que tinham como principal motivação a prática ininterrupta das tais “campanhas”, também conhecidas como “correntes”. Eu vi diversas modalidades serem inventadas e praticadas ao longo de minhas passagens em tais congregações, mas jamais vi alguma manifestação milagrosa acontecer de fato na vida de alguém. A finalidade, obviamente, não era “abençoar” as pessoas, mas, sim, mantê-las presas e, com isso, sustentar e aumentar a arrecadação financeira. Dentre as invencionices mais criativas e, claro, absurdas que vi serem perpetradas estavam os seguintes exemplos:
1) Campanha da multiplicação dos pães e peixes.
Esta consistia em distribuir para as pessoas durante pelo menos sete sextas-feiras um pedaço pequeno de peixe frito (sardinha) servido dentro de um pãozinho do tipo bisnaguinha. Segundo o líder, as pessoas deveriam ingerir aqueles míni-sanduíches para que suas vidas recebessem a “multiplicação de Deus” (no sentido financeiro), assim como Jesus de Nazaré havia multiplicado cinco pães e dois peixes para alimentar uma multidão de pessoas. Nem preciso dizer que nunca presenciei um testemunhou sequer de algum tipo de manifestação de riqueza financeira na vida das pessoas.
2) Campanha “A tenda dos milagres”.
Esta modalidade de corrente era composta do seguinte cenário: uma tenda de madeira em formato de casa, forrada com um tipo de pano bem barato, era construída dentro do salão de reuniões e as pessoas deveriam passar por dentro dela (atravessá-la). A ideia era que enquanto atravessassem, os irmãos receberiam a oração de obreiros vestidos com roupões brancos — posicionados em formato de corredor ― e, na saída, ganhariam do “pastor” uma “unção” com azeite no alto da cabeça. De acordo com o líder, quem passasse dentro da tenda deixaria todos os problemas nela (financeiros, doenças, problemas na Justiça etc.) e sairia totalmente “renovado”. Ou seja, uma grande piada de mau gosto.
3) Campanha “As doze tribos de Israel”.
Este terceiro exemplo consistia em posicionar no “altar” do salão da congregação doze pedras de médio porte que eram recolhidas de um dos morros usados para as vigílias de oração da denominação. Atrás de cada pedra ficava um obreiro de pé, em jejum durante todo o dia da realização do evento e devidamente vestido com um roupão branco. A função dos tais obreiros era orar pelas pessoas e “ungi-las” com azeite. Os participantes da corrente deveriam fazer uma fila e ir passando por cada pedra para receber as “unções”. Além disso, cada semana (a corrente durava doze domingos) as pessoas deveriam pôr um pedido de oração sob cada uma das pedras. Segundo o “pastor”, cada um dos doze pedidos seria realizado à medida em que a campanha fosse sendo feita. Enfim, uma grande balela.
Presenciei estes três exemplos de correntes enquanto congregava nesses antros malditos e existem muitas outras loucuras como estas. Afinal, o sistema do engano quer se manter rico e, para isto, os líderes religiosos precisam ser cada vez mais maleficamente criativos para criar tais aberrações.
Escrevi este texto para demonstrar o quanto são ridículos estes tipos de práticas e como as pessoas são enganadas. Além disso, quero aproveitar e dizer que você não precisa de “corrente”, “campanha”, “não-sei-o-que de Israel” ou qualquer outra coisa parecida. Afinal, como vimos no versículo citado no início do texto, basta que peçamos (o apóstolo Paulo diz claramente que devemos fazer os nossos pedidos serem conhecidos diante de Deus), creiamos na provisão do Senhor, esperemos e descansemos nEle (“não andeis ansiosos”); isto nos basta.
DEUS JÁ NOS ABENÇOOU!