Por Cristiano França
(Instagram: cfeleito)
“Pois que Deus estava em Cristo RECONCILIANDO CONSIGO O MUNDO, não imputando aos homens as suas transgressões; e nos encarregou da palavra da reconciliação.” (2ª Coríntios 5:19)
Nos anos em que frequentei o sistema religioso, por diversas vezes me deparei com o famigerado “apelo” (convite para que as pessoas “aceitem” a Jesus). E quando havia “aceitantes” o pregador sempre dizia que naquela reunião muitas vidas haviam sido “ganhas para Jesus”. Na época, obviamente, eu não estranhava e achava aquilo tudo muito lindo e gratificante. Porém, a partir do momento que o entendimento do genuíno Evangelho iluminou meus olhos a única coisa que consigo pensar deste tipo de prática ― comum em quase todas as igrejas ― é que alguém dizer que “ganhou vidas para Jesus” não passa de uma grande pretensão e uma das mais absurdas heresias.
É realmente uma presunção muito grande achar que estamos “ganhando vidas” para Jesus. O cenário que este tipo de raciocínio apresenta é o Senhor lá no Paraíso roendo as unhas, sem poder agir, torcendo para que as pessoas O “aceitem”; é como se Cristo dependesse da vontade do homem e de nossos esforços aqui no mundo material para que aqueles por quem Ele morreu sejam levados ao Paraíso. Um total absurdo!
Eu também já fui pretensioso a respeito deste assunto. Como muitos sabem, eu sou pregador desde os meus quinze anos de idade e sempre fui orientado a fazer o “apelo” quando pregava. Meus líderes sempre diziam alguma coisa parecida com isto: “Cristiano, quando pregar, ao final da mensagem, faça o apelo para que você não fique com o sangue das pessoas em suas mãos, pois, se morrerem sem aceitar Jesus, elas se perderão e você será o culpado por não ter feito o convite a elas”. Assim, sempre que eu acabava de pregar, convidava as pessoas a “aceitarem” Jesus como Salvador de suas vidas.
Este tipo de prática que, como já disse, vemos na maioria das denominações não faz o menor sentido à luz do Evangelho. Primeiro, porque ninguém “aceita” a Jesus. Ele não é um objeto, um pedaço de bolo ou um cafezinho que você pode aceitar ou não. Na realidade, foi ELE quem nos aceitou desde antes da fundação do mundo, nos predestinou e nos salvou. Tudo que se refere à Salvação foi feito somente por Ele, sem qualquer intervenção humana. Em segundo lugar, porque a Palavra diz que todas as coisas — e isto inclui todos os eleitos de Deus — já foram trazidas para Cristo, reconciliadas com Deus, por meio de Sua obra redentora na cruz realizada há dois mil anos atrás. Como pudemos constatar no versículo inicial do texto, “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo”; logo, o cosmos (mundo no grego) já fora salvo para sempre.
“Para a dispensação da plenitude dos tempos, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra.” (Efésios 1:10)
Como acabamos de ler, na cruz todos que deveriam ser “ganhos” para Cristo (ou seja, salvos para a eternidade) já o foram. Todas as coisas já convergiram no Senhor. Então, não há mais nenhum salvo que precise ser levado a Ele; todas as ovelhas já estão nEle.
É claro que esta realidade, em função dos séculos de heresias do sistema religioso, suscita muitas perguntas. Uma delas é esta: “Então, por que devemos pregar?”. Nós pregamos, mas não para “ganhar as pessoas para Jesus”, pois isto Ele já fez. Nós pregamos para que o entendimento daqueles que já foram reconciliados e convergidos nEle se liberte do sistema mundano (religiões em geral, obras da Lei, filosofias humanas, obras da carne etc.) e os escolhidos possam, assim, servir ao Senhor Jesus Cristo em espírito e em verdade.
DEUS JÁ NOS SALVOU E NOS ABENÇOOU!