Por Cristiano França
(Instagram: @cfeleito)
“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” (1ª Timóteo 4:16)
Este versículo do início do texto, interpretado à maneira do sistema religioso, nos faz entender que é o homem quem se salva a si mesmo no que se refere à Eternidade. Assim, muitos têm se baseado neste raciocínio para disseminarem a falsa premissa de que a Salvação eterna é pelas obras, isto é, pelo mérito individual de cada pessoa. Contudo, este pensamento religioso é facilmente derrubado pela verdade do Evangelho que nos diz que fomos salvos gratuitamente (gratuito para nós, pois Cristo pagou o Preço), tendo recebido do Senhor a Graça da eternidade por amor:
“Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou...” (Tito 3:5)
Uma aparente contradição surge quando comparamos o que o apóstolo recomendou a Timóteo (que seu pupilo perseverasse para que “se salvasse”) com aquilo que o próprio Evangelho de Paulo nos apresenta. Para conciliarmos a Salvação eterna gratuita com a perseverança em se manter salvo é preciso compreendermos que a Salvação se manifesta de maneiras diferentes nos elementos que compõem o ser humano, a saber, o espírito, o corpo e a alma. No espírito, a Salvação já está consumada, uma vez que o Reino de Deus — que já veio — é espiritual. Jesus a consumou espiritualmente na cruz e hoje, nós que nascemos depois da Obra concluída, já nos manifestamos neste mundo material perfeitamente conciliados e salvos sempre salvos no homem interior. Para nós que nascemos depois da cruz e do cumprimento de todas as profecias escatológicas ocorrido no ano 70, nos resta apenas alcançarmos a manifestação da Salvação no sentido físico, e isto se consumará quando recebermos a promessa da glorificação corpórea.
Alguém pode estar se perguntando: “Já nascemos salvos para sempre no espírito (pois somos conciliados e já estamos espiritualmente assentados em lugares celestiais), no corpo o seremos após a morte da matéria terrena e o consequente recebimento de nossa nova morada ― a celestial (corpo glorificado), mas e a alma?”. É aqui que entra o entendimento do que Paulo estava recomendando a Timóteo: a manifestação “intermediária” da Salvação ― que é a de nossa psique (alma) no que diz respeito ao aspecto do conhecimento, ou seja, o nosso entendimento a respeito do Evangelho neste mundo, o que chamamos particularmente em nosso Ministério de “Salvação da mente”.
O fato de o apóstolo fazer referência à Doutrina no início do versículo deixa claro que o tipo de Salvação a que ele se refere a Timóteo não é a Salvação eterna (no espírito), mas, sim, a salvação do entendimento neste mundo.
“Tem cuidado de ti mesmo e DA DOUTRINA. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” (1ª Timóteo 4:16)
A Doutrina do Evangelho da Graça, quando alcança a nossa mente, nos salva das doutrinas estranhas, do humanismo, das heresias, das filosofias humanas antibíblicas, das obras da carne etc. Por isso, é preciso termos todo o cuidado (que Paulo recomendou a Timóteo) para que os sofismas (ensinos que parecem ser verdadeiros no início, mas que apresentam incorreções lógicas; falsas verdades; mentiras) não nos tirem do caminho da verdade.
“Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração esteja confirmado com a Graça...” (Hebreus 13:9)
(Para um maior aprofundamento neste assunto, recomendo nosso estudo em vídeo “Entendendo a Salvação da mente”. Assista-o neste link => https://youtu.be/9bs50RR30l4)