Por Cristiano França
(Instagram: cfeleito)
"Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra." (2ª Timóteo 2:20 e 21)
Há um chamado muito importante que todos os filhos de Deus devem estar muito atentos para cumpri-lo à risca, a saber, nos apresentarmos a Deus aprovados. Vejamos a seguir o contexto da passagem bíblica acima:
“Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a Palavra da verdade.” (2ª Timóteo 2:15)
É nosso papel a busca por estarmos sempre aprovados diante de Deus no que tange à realização do Seu serviço. E como podemos ver claramente no versículo que acabei de citar, esta aprovação passa, necessariamente, pela capacidade de manejarmos bem a Palavra da Graça de Deus. Não é por acaso que em nosso Ministério há uma insistência na valorização do estudo bíblico profundo e sem meias-palavras. Alguns até nos taxam de “radicais” devido ao nosso posicionamento rigoroso em relação à pregação da Graça, mas, ao contrário do que os opositores pensam, não nos ofendemos com este “rótulo” que eles nos impõem. Ao contrário, pois ser radical é o mesmo que ser da raiz. E é exatamente o que considero que nós somos. Afinal, nós não exercemos nenhum rudimento da Lei de Moisés — como muitos fazem, até mesmo alguns líderes que dizem “pregar a Graça” — e nem trouxemos para o bojo do genuíno Evangelho ideias e práticas heréticas que não são necessariamente “da Lei”, mas que, ainda assim, não estão em linha com a Mensagem da Graça, tais como: línguas “estranhas” (no estilo pentecostal), a doutrina do inferno de fogo e sofrimento eternos, estudos que posicionam no futuro a parousia de Cristo (já ocorrida no ano 70 da era cristã), o famigerado “cair no poder de Deus”, entre outras anomalias doutrinárias.
Há algo que eu sempre digo em nossas transmissões e que vou dizer aqui também: jamais devemos tratar a Palavra de Deus como dogma. Ao contrário, devemos encarar o estudo bíblico como uma ciência. Sim, isso mesmo! Acho importante termos uma visão científica a respeito do Reino de Deus, pois isto nos leva a estarmos sempre abertos aos novos conhecimentos que o Eterno, por meio da revelação de Sua Palavra, quer nos conceder. Quando, por outro lado, dogmatizamos o que está escrito na Bíblia, o conhecimento fica inevitavelmente estagnado.
Antes que alguém fique confuso, acho importante explicar que a ideia de “se tornar um vaso de honra” não tem nada a ver com a Salvação que foi predestinada e que é somente pela Graça. Frequentemente recebemos perguntas a respeito disso, pois o que Paulo fala a Timóteo na passagem que citamos na abertura do texto parece contradizer o que ele mesmo ensinou acerca da Eleição e da Predestinação. Assim, para entendermos isto precisamos nos colocar dentro dos respectivos contextos de cada passagem.
No capítulo nove da carta aos Romanos, onde Paulo fala da Eleição e da Predestinação (aliás, ele vem tratando destes temas desde o capítulo oito e se estende até o décimo primeiro), ele usa a metáfora dos vasos — para honra e para desonra. Neste contexto, o apóstolo está se referindo aos vasos que não foram feitos “de honra” ou “de desonra” por eles mesmos, mas por Deus. Ou seja, neste caso, quem determina quem é para honra (Salvação) ou para desonra (perdição) é o Senhor e mais ninguém. A vontade humana, portanto, não prevalece:
“E nos predestinou (...) segundo o beneplácito de Sua vontade.” (Efésios 1:5)
Isto se dá, porque a Salvação pertence unicamente a Deus e ela, como sabemos, nos foi dada gratuitamente, isto é, sem a necessidade de obras.
Por outro lado, quando escreveu a Timóteo, apesar de Paulo também usar a figura dos “vasos”, o apóstolo não está falando que seu pupilo deveria se tornar um “vaso de honra para a Salvação”, pois o contexto não se refere à Predestinação, mas à aprovação para o serviço que deve ser prestado no Reino. Neste caso, em relação à Obra, quem se põe na posição de ser um servo de honra (aprovado) ou de desonra (reprovado) somos nós mesmos, e cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho (1ª Coríntios 3:8).
Portanto, vale muito a pena nos esforçarmos para conhecer e manejar bem a Palavra da verdade a fim de que sejamos vasos de honra no serviço real de Cristo, aprovados para o honroso trabalho de levar a libertação por meio do conhecimento da Graça a todos aqueles que foram escolhidos desde antes da fundação do mundo para serem da Família eterna de Deus.
DEUS JÁ NOS ABENÇOOU!